O empresário Antônio Fernando Ribeiro, sócio da empresa Log Lab Inteligência Digital Ltda, se encontra na mira da Policia e do Ministério Público por conta dos contratos milionários da empresa com a prefeitura de Cuiabá e Assembleia Legislativa (ALMT).
Só na capital os contratos iniciados em 2017 pra cá somam mais de R$ 80 milhões, e mais de R$ 30 milhões com o parlamento estadual. A principal suspeita é de contratos direcionados e pagamento de propina, retornando parte dos contratos para os agentes públicos.
A reportagem do Centro Oeste Popular apurou que existem depoimentos que apontam que parte desse recurso foi repassado em espécie na capital mato-grossense, o que reforça as suspeitas de improbidade nos contratos.
A principal prova das irregularidades seria um vídeo em que o empresário teria sacado uma grande quantidade de dinheiro em espécie em um banco na Avenida do CPA. Não se sabe ainda se tal informação veio de depoimento ou a gravação já se encontra nas mãos das autoridades, já que o inquérito corre em segredo de justiça.
Fernando chegou a ser alvo de busca e apreensão da Polícia Federal durante a Operação Iterum em 2023, que apura irregularidades nos contratos entre 2017 e 2022 na saúde da Cuiabá.
Além dele, outras 6 pessoas e a Log Lab foram alvos. Conforme as investigações, o contrato entre 2017 a outubro de 2022 foram pagos R$ 52.845.141,64, sendo que desse total, pelo menos, R$13.781.348,64 tem origem em recursos do governo federal. Entre as irregularidades apontadas está a ausência de elaboração própria de Termo de Referência que pudesse justificar a adesão no pregão eletrônico.
As análises realizadas com o apoio da Controladoria Geral da União (CGU) não encontraram evidências da efetiva prestação de serviço previsto no contrato, bem como a correlação entre os pagamentos.
Outro fato ligado a Log Lab envolve o ex-secretário de Cuiabá Júnior Leite. Isso porque a Polícia Federal identificou um depósito na conta da esposa de Júnior Leite, a empresária Carine Luckmann. Ela recebeu R$ 176 mil em transferência bancária da empresa Log Lab Inteligência Digital.
A informação consta do inquérito policial do caso, que aponta que Carine recebeu as transferências entre janeiro de 2018 e junho de 2020.
“No período de 01/01/2018 a 30/06/2020 Antônio Fernando enviou a quantia de R$176.000,00 para Carine Luckamnn, empresária, atualmente atua com corretora de imóveis de luxo (...) Através de pesquisas em sistemas, constatamos uma Escritura de Compra e Venda, datada em 10/03/2020, na qual Carine Luckamnn compra um lote de 450m2 em um condomínio de luxo em Cuiabá, Cond. Alphaville 1, pelo valor de R$ 800.000,00 dos vendedores Eberson da Silva Terra e Iara Cristina Dias Vilela. Posteriormente, em 12/05/2020, há uma nova venda do mesmo terreno, Carine Luckamnn o vende pelo valor de R$ 850.000,00 para Rádio Vale das Perdidas de Jaciara Ltda”, cita trecho das investigações.
Segundo a PF, os depósitos para a conta de Carine Luckmann estão entre a transações suspeitas, que podem indicar lavagem de dinheiro.
Outro ponto que intrigou a PF, são as transferências de recursos financeiros da Lag Lob para empresas que não tem conexão com a área de atuação da Lag Lob, como é o caso da empresa Global Genesis, possivelmente são empresas de fachada, podendo sinalizar um esquema de tentativa de ocultar o real destino do dinheiro, diz relatório da PF.
A PF apura crime de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude de licitação. Penas dos investigados pode chegar a 30 anos de prisão.
Contratos com o Estado
A empresa Log Lab também possui vários contratos com Poderes e órgãos de Mato Grosso, como Assembleia Legislativa (ALMT), Tribunal de Contas (TCE), Tribunal de Justiça (TJMT), Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) e governo do Estado.
De 2020 a 2023, a Log Lab recebeu cerca de R$ 67 milhões em contratos para atender diversas secretarias de Estado. Em 2020 o total empenhado e pago foi de R$ 26.224 milhões. Em 2021 o valor aumentou para R$ 39.5 milhões. O último pagamento ocorreu em julho deste ano, quando a empresa recebeu R$ 730 mil.
Valores por ano
A planilha da investigação detalha os contratos firmados com a Log Lab ano a ano:
— 2017: R$ 11,8 milhões
— 2018: R$ 3,8 milhões
— 2019: R$ 19,9 milhões
— 2020: R$ 12,5 milhões
— 2021: R$ 6,9 milhões
Alvos da operação
A Operação Iterum apura irregularidades na contratação da Log Lab, sobretudo na área da saúde municipal. Os policiais federais cumpriram nove mandados de busca e apreensão, tendo como alvos nomes ligados tanto à empresa quanto à Prefeitura de Cuiabá.
Entre os investigados estão o ex-secretário adjunto de Saúde, Gilmar Souza Cardoso, e o empresário Antônio Fernando Ribeiro Pereira, sócio da Log Lab. Também foram alvos os servidores públicos Rogério Leandro Alves, Dejair José Pereira Júnior e Ramon Polaco Oliveira, apontados por suposta má gestão dos contratos públicos.
Além da Log Lab, a empresa Global Genesis Tecnologia e Serviços e seu proprietário, Geanatan Andrade Mota, também foram alvos de mandados da PF.
A Polícia Federal segue aprofundando as investigações para identificar a participação de outros agentes públicos e privados no esquema. O caso é tratado como de alto impacto devido à suspeita de desvio de recursos públicos federais destinados à área da saúde.